Água: Cuidado necessário

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No Dia Mundial da Água, celebrado dia 22 de março, retornamos aqui para falar sobre esse produto, um bem natural, comum das populações e de direito universal. Diretamente ligado à sobrevivência das espécies, a água é recurso de primeira necessidade para que os seres evoluam dentro de toda uma teia alimentar. Assim, é imprescindível utilizar o dia destinado a ela, para reportar a memória de todos a sua importância, enaltecer suas qualidades e relembrar a cada leitor que a qualidade de vida está diretamente ligada ao uso deste produto.

Abrir as torneiras parece atitude simples quando se depara com um produto em abundância e de características apreciáveis para o consumo. Entretanto, isso necessariamente não ocorrerá se não houver mananciais de onde se possa extraí-la.  Ou mesmo, quando os locais de obtenção da água se apresentam poluídos a uma certa condição, que nem os mais ávidos químicos conseguem colocá-la em condições de consumo.

Há de se lembrar que a poluição depositada em mananciais, segue um fluxo que direciona substâncias tóxicas a quilômetros de distância. Alguns desses produtos indevidos vão contribuir para a morte iminente ou mesmo para perturbação dos organismos, alterando taxas reprodutivas ou possibilitando malformações, como teratogenicidade. Assim, o DNA, uma molécula bioquímica de formação das características e perpetuação das espécies, poderá ter sua estrutura danificada e consequentemente modificar o comportamento celular.

Quando as pessoas perguntam o motivo de tantas alterações nos organismos, com doenças classificadas por genéticas ou metabólicas, dificilmente alguém vai lhes dizer que a água contaminada seria uma das possibilidades. É mais prudente afirmar que os alimentos estão sobretaxados em defensivos agrícolas, ou que há muitos produtos da alimentação ultraprocessada contribuindo para as agressões do corpo. Pois pode ser um pouco de cada.

Então pensemos assim, se reduzir o desperdício do produto, precisar-se-á de menor ciclos de tratamentos, pois o consumo reduziria. Por outro lado, se houver o consumo de forma consciente, com menor injeção de produtos tóxicos aos mananciais, de forma direta, iria repercutir positivamente na qualidade final desse tratamento.

Continue defendendo que é um bem comum e de direito a todos. Direito de uso e dever de cuidados.  Os deveres começam dentro da educação básica, pois se a criança aprende a respeitar e conservar, essa pessoa, quando adulta, irá promover o uso racional nas empresas, instituições, indústrias urbanas ou agroindústrias.

Por último, deve-se relembrar que há toda uma dependência da estratificação vegetal ao redor dos mananciais, para que protegidos de erosões e assoreamentos, sigam o curso definido pelo ambiente geográfico e então só assim, alcançar o destino dos mares e oceanos. Logo a intensidade da luz solar permitirá o retorno da água dentro do seu ciclo, pelas belas e surpreendentes chuvas.

Na ausência da água não há a quem reclamar e quando a sua distribuição se torna desigual, recai em menor produtividade em variadas atividades humanas e aumento de doenças relacionadas às deficiências sanitárias. O saneamento básico ideal perpassa pelo tratamento de água, recolhimento e tratamento do esgoto, recolhimento e deposição adequada dos resíduos sólidos urbanos, separação de resíduos orgânicos e inorgânicos, incineração com controle de gases para potenciais contaminantes. Situação que deverá ocorrer em espaços urbanos ou rurais.

Assim, cuidar da água e da vida são indissociáveis e é essencial aprender que a preservação dos mananciais depende de um consumo racional, e de uma devolução dela com o mínimo de alterações possíveis. Beba água, potável e tratada, aprecie e cuide.

Sandra Oliveira Santos, Professora da Estácio, gestora ambiental e mestre em biologia.