31.7 C
Rondonópolis
terça-feira, abril 30, 2024

Queimadas: um mal a saúde do mundo

"Nos dois primeiros meses do ano, Mato Grosso já havia registrado responsabilidade em mais de 20% do total de queimadas registradas no Brasil, sendo a maioria delas causadas pelo desmatamento na busca de novas áreas agricultáveis"

Se o planeta terra fosse comparado com o corpo humano, as queimadas certamente seriam o cigarro. Os malefícios fatais que o segundo causa ao organismo dos seus usuários são igualmente prejudiciais à saúde do planeta quando a fumaça que emerge do solo terrestre prejudicando a qualidade do ar é a oriunda das florestas ou das regiões urbanas onde o mato em terrenos baldios é combatido pelo ato criminoso. O mais lamentável desta história é que Mato Grosso é o líder nacional dos registros deste tipo de ato, segundos registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulgou inclusive que 2015 tem tudo para ser um ano de recorde negativo de incidência. Logo um dos estados mais ‘verdes’ do Brasil, próximo a região considerada como sendo o ‘pulmão’ do mundo.
Nos dois primeiros meses do ano, Mato Grosso já havia registrado responsabilidade em mais de 20% do total de queimadas registradas no Brasil, sendo a maioria delas causadas pelo desmatamento na busca de novas áreas agricultáveis. O mais curioso é que janeiro e fevereiro para o estado são considerados meses úmidos, de chuvas constantes, o que faz a perspectiva dos dados mais atualizados ser ainda mais apavorantes, já que a partir de maio a seca começa a tomar conta do meio ambiente mato-grossense. A falta de conscientização no ambiente urbano, que faz muitos moradores ‘resolverem’ a existência de mato alto – criadouro de animais peçonhentos e abrigo para criminosos – com o fogo, acaba esbarrando na justificativa de que o poder público não consegue fiscalizar os donos dos imóveis e os obrigá-los a realizar a manutenção. Embora não sirva para ‘inocentar’ quem ateia fogo, realmente o argumento procede.
Os prejuízos causados pelas queimadas, embora já bem propagados, não devem deixar de ser lembrados para evidenciar que não se trata apenas de uma questão pontual ou um problema apenas de ordem visual ou de perturbação. As queimadas são as principais causadoras, ao lado da caça predatória, da extinção de diversas espécies da fauna, desequilíbrio da população de insetos, que podem ser naturais predadores de outros pequenos seres vivos, que por sua vez se proliferam de maneira desenfreada, abalando a cadeia alimentar. A diminuição da mata pela ação do fogo também é a causadora do aparecimento de animais predadores em ambientes urbanos, como é o caso das onças, que já causaram diversos casos até fatais em cidades como Cáceres, em Mato Grosso. O mais importante a se ressaltar, neste caso, é que de nenhuma maneira a ‘culpa’ é da onça, conforme deduzem alguns.
O mesmo lamento por perdas preciosas também pode ser sentido no caso das plantas medicinais, que são amplamente destruídas junto as árvores nas grandes queimadas florestais que acometem sobretudo o ambiente amazônico. As matérias primas que salvam vidas diariamente pelo mundo são destruídas pela combustão. A cobertura vegetal do solo, com folhas e outras materiais orgânicos das florestas, responsáveis inclusive pelo equilíbrio biológico, formação de chuvas, temperatura e outras condições indispensáveis para a manutenção da vida humana vão se esvaindo com cada porção de fumaça preta que toma conta do ar.
O solo, que passa então a ser utilizado para a agricultura, na maioria das vezes, começa a ser enfraquecido, já que perdeu a estabilização natural de seu PH e da matéria orgânica, tendo que agora ser ‘corrigido’ por processos químicos. Por não possuir mais capacidade de se alto regenerar, a perda de nutrientes daquele solo fará com que ele atinja a incapacidade de refazer sua população nativa. Desta maneira, mesmo que deixe de ser induzido à produção comercial, o futuro desta área degrada certamente será a de deserto. Nas cidades, o ser humano que teve de respirar a fumaça preta das queimadas, ainda terá de conviver a curto, médio e longo prazo com os prejuízos do efeito estufa, desequilíbrio climático, temporais imprevisíveis e um horizonte cada vez menos bonito para olhar e um mundo com sérios problemas para resolver para continuar sendo habitado.
REDAÇÃO

RELACIONADAS

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

OPINIÃO - FALA CIDADÃO